Pacto Global, 15 anos no Brasil mas muito a ser feito!

No dia 16 de maio, a Rede Brasileira do Pacto Global (PG) celebrou 15 anos de atuação em um evento no MASP.

Cerca de 400 pessoas participaram do evento, que discutiu os avanços e desafios para a sustentabilidade empresarial no Brasil, a partir da perspectiva da incorporação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nas organizações.

Entre os temas tratados pelo PG, mereceram destaque o combate à corrupção, a gestão da água, o empoderamento feminino e a promoção de direitos humanos.

A Griscom esteve presente no encontro, através de seu sócio, Marcelo Linguitte, pioneiro do Pacto Global no Brasil e seu primeiro ponto-focal e secretário, entre 2001 e 2006.

Abaixo estão algumas reflexões que consideramos importantes do evento, e na sequência sugerimos alguns passos práticos para a incorporação do tema de sustentabilidade pelas empresas.

 

Reflexões do Evento de 15 anos da Rede Brasileira do Pacto Global:

  1. Sustentabilidade foi apontada como uma evolução do processo de gestão e, caso não seja incorporada pelas empresas, pode-se criar um risco muito grande à sobrevivência da organização. Para ser incorporada pela empresa, no entanto, a value proposition da sustentabilidade deve ser adequada à realidade dos negócios e ao contexto de atuação da companhia.
  2. A Rede Brasileira do Pacto Global vem se consolidando como um dos fóruns mais qualificados em sustentabilidade no país. As empresas que, de alguma maneira, participam desse e de outros fóruns afirmam que a participação em grupos e espaços de discussão do tema tem sido decisiva para o avanço do tema em suas organizações. A agenda 2030 Nações Unidas deve se unificar com a agenda empresarial brasileira.
  3. O grande foco da sustentabilidade nas organizações deve ser a integração dos ODS nas atividades organizacionais e as empresas que estiveram no encontro deixaram claro que estão trabalhando nesse sentido.
  4. Uma fala constante no evento foi a necessidade de envolvimento da alta gestão das organizações com o tema de sustentabilidade, que tem tudo a ver com cultura organizacional. Assim, como qualquer tema que muda a cultura da empresa, se sustentabilidade não for absorvida pelo C Level, o tema tem poucas chances de avançar.
  5. Vários palestrantes frisaram que esta é a época da transparência e esse aspecto é fundamental para a sustentabilidade. Com uma atuação cada vez mais em rede, a necessidade de vínculos de confiança entre os atores econômicos é fundamental e confiança somente se constrói através de relações transparentes. Uma forma de transparência é a elaboração de relatórios de sustentabilidade, ainda que mais simples.
  6. A transparência está também associada ao combate à corrupção. Assim, as empresas serão cada vez mais instigadas a elaborarem programas de compliance e de integridade, incorporando processos de detecção, sanção e prevenção de práticas corruptas entre suas equipes. Nesse ponto, um aspecto abordado é que a ética deve ser a base de qualquer programa de compliance e integridade.
  7. As empresas brasileiras têm um desafio enorme de incorporar políticas e práticas de direitos humanos em seus negócios, devendo abandonar ideias equivocadas sobre esse tema. O avanço dos direitos humanos nas empresas depende, também, de processos de due diligence adequados, tanto nas operações diretas da organização, quanto em sua cadeia de fornecedores.

Com base nas reflexões acima, sugere-se que as empresas adotem os seguintes passos para a elaboração de um programa eficiente em sustentabilidade:

 

  1. Definir a compreensão própria da empresa sobre o que é sustentabilidade em seus negócios e identificar como o tema tem potencial de gerar valor para si.
  2. Desenhar uma estratégia de sustentabilidade baseada nos aspectos críticos de seus negócios e alinhada com os ODS.
  3. Subordinar e alinhar a estratégia em sustentabilidade à estratégia de negócios da empresa, garantindo que a sustentabilidade contribua com os objetivos estratégicos da organização.
  4. Garantir que a alta gestão da empresa esteja alinhada com o tema de sustentabilidade e seja seu grande promotor, tanto interna, quanto externamente à organização.
  5. Vincular as estratégias de sustentabilidade ao sistema de gestão de ética ou de integridade da empresa.
  6. Elaborar um relatório de sustentabilidade, preferivelmente em base anual e que ele seja utilizado como parte do sistema de gestão da sustentabilidade.
  7. Identificar riscos em transgressões a direitos humanos na empresa e trata-los.
  8. Identificar grupos de discussão sobre o tema e participar. Todo grupo tem grande potencial de contribuir para o avanço de uma empresa, pois se pode trocar experiências e aprender sobre melhores práticas.

 

Quer saber como incorporar os princípios do Pacto Global em sua organização? Entre em contato que podemos te ajudar!

 

Autor: Marcelo Linguitte. Especialista em sustentabilidade empresarial, ética, responsabilidade social e empresas & direitos humanos. Mestrando em Gestão Urbana pela POLI-USP, pós-graduado em Responsabilidade Social pela FGV-SP, especialização em Ética pela COGEAE/PUC-SP e Engenheiro Civil pela POLI-USP. Tem atuado há mais de 25 anos com empresas e organizações não governamentais e multilaterais em mais de 20 países. Em 2002, foi convidado pelo US Department of State para participar do International Visitor Leadership Program. Estruturou a rede brasileira do Pacto Global da ONU e foi o seu primeiro ponto focal no país. Foi representante do Instituto Ethos na ISO 26000 e membro do conselho do ISE (BM&F  Bovespa). Foi um dos criadores dos Indicadores Ethos e dos “Critérios de investimentos socialmente responsáveis para Fundos de Pensão” (Ethos-Abrapp). Gerenciou projetos de sustentabilidade, inovação, gestão de stakeholders e ética em algumas das maiores empresas da América Latina, como Petrobras, Johnson & Johnson, Itaú-Unibanco, Whirpool, CPFL, Fiat Automóveis, Cementos Argos, Bancolombia e Embotelladora Andina. É também auditor líder de Asseguração de Relatórios de Sustentabilidade, de Avaliação e Monitoramento de Programas Socioambientais e da ISO 26000. Atua também como palestrante, no Brasil e exterior, tendo apresentando mais de 250 palestras, seminários, cursos e workshops nos últimos anos.

Participação na ACI´s 6th Brazil Summit on Anti-Corruption