Bonsucro e Renovabio – um caminho sendo traçado

O Brasil firmou acordos internacionais ambiciosos no que diz respeito a energia, e o setor sucroenergético vem mostrando, nos últimos 30 anos, que é capaz de cumprir seu papel e impulsionar o mercado com responsabilidade socioambiental.

Nesse tempo os avanços no campo e na indústria foram constantes, novas variedades, colheita e plantio mecanizado, cogeração, etanol de segunda geração e muitos outros exemplos que eram inimagináveis no início desse último quarto de século.

Mas qual foi a causa? A competição, as exigências do mercado, o pioneirismo de alguns. Os consumidores se tornaram mais atentos a mudanças, e para garantir a permanência em alguns setores (União Europeia, como destaque), há que se mudar para garantir competitividade, e o principal, participação.

Na esfera federal, o Renovabio tende a ser uma alavanca para incentivar a produção de energia renovável e garantir retornos financeiros para o produtor através dos créditos de descarbonização. Além de garantir segurança e menos incerteza a produção, faz com que seja mais atrativo se juntar a iniciativa, resultando em ganhos multisetoriais.

Há ainda outras ferramentas que auxiliam o produtor a garantir que outros mercados tornam-se atrativos (e atraídos). O selo Bonsucro é uma destas iniciativas, com o objetivo de promover melhorias mensuráveis nos principais impactos econômicos, ambientais e sociais na produção da cana-de-açúcar e no processamento primário. É uma oportunidade a mais para as usinas se destacarem ainda mais no País, e no mundo.

Alguns números podem reforçar a importância da adoção do selo para competividade no mercado, e muito além, a garantia de retornos financeiros com o aumento da sustentabilidade na cadeia produtiva.

  • 25% de toda terra mundial sob cana de açúcar é parte da Bonsucro;
  • 90% dos produtores de cana de açúcar obtiveram rendimentos acima do requerido pelo padrão;
  • 57 milhões de toneladas de cana de açúcar certificada;
  • A média de produção do produtor certificado está 16 toneladas acima da média mundial de produtores;
  • Desde 2011 foram evitados 2.896.000 toneladas de emissões de CO2, , o equivalente a emissões anuais de 611 carros;
  • Das 61 usinas certificadas em 9 países, 46 são usinas brasileiras;
  • No Brasil, já são mais de 910 mil hectares de canaviais auditados e certificados com o selo verde, o que representa 9,3% do total da área colhida entre as usinas*.

Fonte: *UNICA e Bonsucro.

 

Esses são alguns dos impressionantes resultados obtidos, e há margem para crescimento a longo prazo. A adoção do selo não traz bonificações, e gera custos para a sua adequação. Mas migrar-se para o padrão, aliado a adoção de outros mecanismos, como o Renovabio, torna-se viável e lucrativa para o setor.

O mercado de global de cana é extremamente competitivo. O produtor que deseja manter esta competitividade em mercados exigentes e cada vez mais preocupados com a sua responsabilidade socioambiental da sua cadeia produtiva não deve pensar em outra alternativa. Outro ponto é, sustentabilidade no setor é garantia de autossuficiência e gestão eficiente, retornos financeiros de curto e longo prazo.

O Renovabio ainda é uma incerteza. Já o Bonsucro, com seus resultados concretos traz confiança.

 Mas uma coisa é certeza, para quem esperar se preparando, o caminho será mais curto.

 

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Autor: André Araujo. Pós-graduado em Engenharia de Controle Ambiental pela FAAP, Pós-graduado em Administração de Empresas pela FAAP, Especialização em Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, Especialização em Marketing pela FGV – EASP, Graduado em Biologia pela UNITAU. Especialista em Gestão de Riscos e Compliance socioambiental e sustentabilidade. Auditor Líder em Qualidade (ISO 9001), Meio Ambiente (ISO 14001), Segurança e Saúde Ocupacional (OHSAS 18001), Responsabilidade Social (SA 8000) e em diversos Padrões de Sustentabilidade para atendimento a Diretiva Européia (Bonsucro, ISCC, RSB, RSPO, RTRS). Mais de vinte anos de experiência em legislação ambiental e segurança e saúde ocupacional. Consultor para implantação e gerenciamento de Sistemas de Gestão da Qualidade, Meio Ambiente , Segurança e Saúde Ocupacional e Padrões de Sustentabilidade com mais de vinte anos de experiência, incluindo a implantação e certificação de mais de 40 empresas de diversos segmentos e tamanhos, entre as quais Raízen, Biosev, Coca Cola, Nestlé, ICL Products, Cargill, BP Biocombustíveis, entre outras. Instrutor de Treinamentos pela SGS Academy dos cursos para formação de Auditores Líderes com registro no IRCA (Inglaterra). Realização de treinamentos internacionais na SGS Portugal. Responsável pela elaboração e validação do Programa da ABIHPEC para avaliação da cadeia de fornecimento da indústria de cosméticos e da Brazil Cotton – cadeia de fornecimento do algodão.