Compliance – DETECÇÃO I

Numa breve pesquisa sobre o nosso sistema imunológico, além de ficar extasiado com a perfeição do seu funcionamento, percebi imediatamente uma conexão com o tema que vamos tratar nos próximos artigos.

Um mecanismo de defesa entra imediatamente em ação quando um agente externo invade o nosso corpo. O primeiro evento da defesa é de responsabilidade dos macrófagos, que além de funcionarem como detectores e providenciarem o primeiro ataque aos invasores, ainda informam outros elementos do sistema para que aqueles invasores sejam totalmente exterminados. O mais curioso e sensacional desse sistema imunológico é que a experiência vivida nesta guerra não se perde, uma vez que parte dos linfócitos produzidos para o combate será armazenada por muitos anos, ou mesmo pelo resto da vida, e estes linfócitos servirão como detectores de novas invasões e permitirão que o sistema atue de forma mais rápida e eficaz nos próximos casos.

Os que moram em uma residência comum, em bairro aberto, onde a circulação de pessoas não é controlada, vivem, na pele, o que vou falar. Diante dos riscos a que, infelizmente, a nossa população está sujeita com o aumento desenfreado da criminalidade, as residências estão se equipando com sistemas de detecção de visitantes indesejados. Cães adestrados e preparados para proteger seu espaço, tanto pelo alarme de seus estridentes latidos como pela força de suas mandíbulas, cercas elétricas de alta voltagem no topo dos muros de divisa, câmeras conectadas em tempo real a smartphones e computadores, sensores de presença online com centrais de vigilância e redes de vizinhos protegidos são alguns exemplos desses sistemas.

 

Sistemas e dispositivos de detecção fazem parte do nosso cotidiano, não apenas no nosso próprio corpo, nas nossas residências, mas também em espaços públicos, como no trânsito, por exemplo.

 

Quem não está atento aos radares de velocidade e câmeras que registram avanços de sinais? Numa simples visita a qualquer banco, lá está ela, a eficiente porta giratória para detecção de metais. Se vamos viajar de avião, na maioria dos aeroportos somos escrutinados por detectores de metais e o conteúdo de nossa bagagem é exposto nos equipamentos de raios x. Computadores e smartphones precisam da proteção de sofisticados softwares para detectar e impedir a ação de vírus, trojans, worms, rootkits, hackers, entre outros inúmeros invasores maliciosos.

Voltando ao exemplo inicial, se os elementos de detecção do sistema de defesa do nosso organismo resolvessem fazer uma greve prolongada, a humanidade possivelmente não sobreviveria por muito tempo, uma vez que vírus e bactérias poderiam atuar com plena liberdade e com força máxima. Sem encontrar resistência, estes invasores rapidamente levariam suas vítimas à morte. Empresas funcionam como um corpo, com seus diferentes membros e órgãos, cada qual com seu papel específico, todos trabalhando com objetivos comuns e de maneira interdependente. Da mesma forma que o nosso corpo pode entrar em falência múltipla de órgãos, uma empresa pode sucumbir aos ataques a que está exposta se o pilar da detecção não for bem construído.

Com o desenvolvimento da tecnologia, poderosos dispositivos podem ser utilizados com o objetivo de captar movimentos e atitudes suspeitas ou fora de determinados padrões. Nenhuma dúvida que são excelentes instrumentos de detecção de desvios de conduta.

No entanto, bem além do que a tecnologia pode nos oferecer neste campo, quero concluir esta breve introdução enfatizando o mais importante elemento de detecção disponível em toda e qualquer organização: pessoas!

Além de sua presença e atuação em todos os processos e lugares, dispõem de uma maravilhosa visão periférica, de um excelente senso de direção e de uma percepção que ultrapassa em muito o mundo físico e palpável, tendo uma capacidade ilimitada de aprender e usar os conhecimentos adquiridos. Aí estará o nosso foco!

 

 

Autor: Jedaias Jorge Salum – Engenheiro Mecânico pela PUC-MG, com pós-graduação em Tecnologia de Obtenção de Celulose pela USP/IPT/ABTCP e MBA em Gestão Empresarial pela FGV Belo Horizonte. Atuou por mais de 34 anos na Cenibra, empresa do setor de papel e celulose, nos últimos 7 anos como Assessor da Presidência, responsável pelo Planejamento Estratégico, Comunicação Corporativa, Relações Institucionais, Gestão de Compliance, coordenador do Comitê de Sustentabilidade, do Comitê de Compliance e Gestão de Riscos e das Reuniões da Diretoria. Atuou na área comercial por 14 anos, tendo assumindo inicialmente a gestão da assistência técnica aos clientes, em seguida a Gerência Comercial, encerrando esta passagem como Gerente de Marketing e Assistência Técnica da empresa. Iniciou as atividades na Cenibra em 1982 como Engenheiro Projetista, tendo desenvolvido e implantado vários projetos industriais de aumento da capacidade produtiva. Em 1989 assumiu a Gerência do projeto da área de Recuperação e Utilidades da duplicação da fábrica. Iniciou sua carreira profissional na área de projetos mecânicos da Usiminas, onde trabalhou como projetista por mais de seis anos.