Relatórios de Sustentabilidade – chegou o momento de se preparar!

Acho que todos concordam que sustentabilidade deixou de ser um diferencial competitivo e é vista como uma obrigação por parte das empresas. Ou ela tem esse tema em sua agenda, ou perderá pontos relevantes no mercado.

Isso tem sido percebido pelas áreas de comunicação corporativa das empresas, que têm tratado os relatórios de sustentabilidade de maneira séria, tendo em vista as informações que incluem e os benefícios potenciais que trazem para a organização.

O histórico de relatórios empresariais remonta aos primeiros relatórios financeiros, o que foi, sem dúvida, um grande avanço em termos de transparência empresarial. No entanto, apesar das importantes informações financeiras presentes nos relatórios anuais das organizações, há uma visão de que apenas indicadores financeiros não são suficientes para que investidores e outras partes interessadas conheçam uma empresa com detalhes que lhes permitam tomar decisões sobre ela.

Questões como o esgotamento e o custo dos recursos naturais, a crescente importância dos direitos humanos no mundo dos negócios, aquecimento global, combate à corrupção, movimentos internacionais como o Pacto Global da ONU, entre outros, levaram as empresas a serem mais sensíveis a tais assuntos e se sentirem na obrigação de relatar seu trabalho e desempenho em relação à sustentabilidade.

Os relatórios de sustentabilidade, que inicialmente foram resultado dos esforços individuais das empresas preocupadas com esse tema, hoje se guiam por padrões de conformidade internacionais e normas específicas, como a GRI – Global Reporting Initiative, indiscutivelmente o padrão mais aceito em relatórios de sustentabilidade em todo o mundo.

Segundo a KPMG Survey of Corporate Responsibility Reporting 2017:

93% das 250 maiores corporações do mundo informam sobre seu desempenho em sustentabilidade.

 

O relatório de sustentabilidade é um dos canais de comunicação mais importantes que uma organização tem com seus stakeholders internos e externos, pois concentra a maior parte de informações sobre como a empresa contribui para a agenda do desenvolvimento sustentável. Dizemos “um dos mais importantes”, pois apesar de sua relevância, ele não deve ser o único meio de se comunicar as práticas sustentáveis de uma organização, que deve se utilizar dos diferentes meios existentes para dar transparência à sua gestão.

No entanto, deve ser lembrado que os relatórios de sustentabilidade nunca são meramente ferramentas de promoção institucional. O objetivo de um relatório de sustentabilidade é identificar as prioridades da empresa, tanto para si, quanto para suas partes interessadas, relatar o trabalho que realiza à luz dessas prioridades, mostrar os principais indicadores de desempenho (KPIs) e aprimorar a sua gestão.

Através do relatório de sustentabilidade, instituições financeiras nacionais e internacionais e organizações da sociedade civil e internacionais, como o Pacto Global, acompanham como a empresa se comporta em relação a padrões de desempenho internacionalmente aceitos no que se refere ao desenvolvimento sustentável e, mais recentemente, em relação aos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ver mais em https://nacoesunidas.org/conheca-os-novos-17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-da-onu/).

Qualquer empresa que decidir preparar um relatório de sustentabilidade precisará estabelecer uma estrutura para o fornecimento de dados:

  • econômicos : faturamento, impostos pagos, remunerações etc.,
  • ambientais: consumo de energia, consumo de água, volume de emissões, etc., e,
  • sociais: combate à discriminação, horas de treinamento de colaboradores, projetos de responsabilidade social etc..

Muitas equipes das empresas ainda consideram o processo de coleta e tratamento de informações para o Relatório como uma carga de trabalho adicional, mas isso é crucial para a empresa revisar e avaliar seu próprio desempenho.

Portanto, uma vez que uma empresa decide se engajar em relatórios de sustentabilidade, deve também projetar e estabelecer processos que garantam o fluxo de informações da melhor maneira possível, valendo-se, sempre quando necessário, de sistemas on-line para coleta e tratamento de dados.

Além disso, como a equipe da Griscom tem experiência na elaboração e auditorias de relatórios de sustentabilidade no Brasil e em países como Argentina, Chile, Colômbia, Panamá e Moçambique, temos visto que uma tendência crescente entre as empresas é unir a coleta de informações para o relatório trabalhando, simultaneamente, vários padrões de relatórios como o GRI, o CDP, o GHG Protocol e índices de bolsas de valores, como ISE e DJSI. Feito de uma só vez, e com o mínimo de esforço, melhora a eficiência do processo e diminui desgastes junto às equipes internas.

Outra tendência é a elaboração de relatórios de sustentabilidade por MPEs – Médias e Pequenas Empresas, que historicamente têm ficado longe desse processo. A Griscom tem auxiliado algumas empresas desse porte na elaboração de seus informes. Nestes casos, é incrível a contribuição para a melhoria de gestão dessas organizações.

Outro aspecto que vale a pena mencionar é a Lei No. 13.303, de junho de 2016 (e regulamentada pelo Decreto 8.945), a conhecida Lei das Estatais, que abrange todas as empresas públicas, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Em seu Artigo 8º, a Lei define a obrigatoriedade de essas empresas realizarem a “divulgação anual de relatório integrado ou de sustentabilidade”. No entanto, apesar da Lei, poucas empresas “estatais” ainda publicam seus relatórios. Casos como o da Petrobras, do Banco do Brasil, da Prodesp – Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo, do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, entre outros poucos, ainda são exceções.

Finalmente, vale salientar a questão do Relato Integrado (RI). Existe um movimento global em direção ao RI, que passa por um período de consolidação no mundo todo. Temos observado, com bastante interesse, a avaliação RI pelas empresas e a percepção de que ele não invalida as ações com relação ao GRI, muito pelo contrário, utiliza e complementa essa referência. Vale a pena ficar atento a isso.

Para contribuir com a reflexão das empresas sobre relatórios de sustentabilidade, a Griscom irá realizar um webinar, no dia 04/10, às 14:00, onde daremos uma visão geral sobre o tema e como as empresas têm enfrentado os principais desafios na elaboração de seus relatórios de sustentabilidade, as principais novidades que os GRI Standards trazem e apresentar sugestões para tornar mais fácil e tranquilo o processo de elaboração do relatório. Se quiser participar, basta clicar aqui para fazer sua inscrição. Nos vemos lá?

Abraços,  Marcelo Linguitte.