O novo Governo e os Programas de Compliance

O brasileiro está de frente com um período pré-eleitoral sem precedentes.

Muito se fala em “não temos opção” demonstrando um grande dilema, pois são opções dos extremos.

Nas opções, o fantasma do passado e a incerteza para o futuro. Sim o futuro é incerto! De um lado a ditadura militar e de outro a corrupção. Os termos mais contundentes refletem um amadurecimento da sociedade buscando, pela minha percepção, aproximar-se do que fica no senso comum.

Porém esses milhões de eleitores de um lado e do outro, rejeitam discursos e ações que neguem “o fato” ou o “erro” ou que reforcem simplesmente a incoerência do candidato com aquilo que fala daquilo que nele é percebido ou que ele próprio não esteja sustentando, abusando do discurso e do marketing não reconhecendo a maturidade da sociedade .

Há tolerância ou intolerância sobre um tema em detrimento do outro, mas no fundo, não há hierarquia, a violação de tais temas é rejeitada por uma sociedade mais madura e sensível, que acabará tendo que decidir por aquilo que considerará prioridade e esperança para o futuro utilizando a sua ética e valores pessoais.

Mas enfim, o cenário de disputa eleitoral e o engajamento da sociedade com temas emergentes, principalmente com efeitos, a corrupção, estaria sugerindo que está havendo uma mudança na nossa cultura?

 

O que tiramos disso para o mundo Corporativo e para os referidos Programas de Compliance?

 

Os Códigos de Ética e de Conduta trazem as práticas corporativas e passam pelos temas centrais, que durante a campanha repicaram e ainda repicam em milhares de visualizações nas mídias sociais e são explorados pela Mídia de grande circulação:

  • Direitos Humanos
  • Diversidade e Inclusão Social
  • Corrupção

Mas também, o caráter dos candidatos que foi posto à prova, nos debates escaldantes que passaram pelos valores humanos universais: Honestidade, Verdade e Justiça. E a ainda tem a “Fake News”, que já indicação de haver “empresas” envolvidas em tais produções.

Certamente esse amadurecimento da sociedade com tais temas, não deve ser ignorado pelas organizações, para que possam responder adequadamente às expectativas de um efetivo posicionamento social, seja com um tema ou com outro.

O ambiente Legal e Regulatório é complexo e dinâmico. Os desafios são muitos e de diferentes proporções, mas as organizações devem se preparar para dar maior transparência e publicidade, verdadeira, como a sua “Marca” se posiciona sobre tais temas.

A organização está pronta para demonstrar publicamente seu compromisso de combate a corrupção e Integridade?

A cultura do “falo” mas “não faço”, ou seja, da incoerência ou da falta de integridade pode custar muito a uma organização e a retratação pode ser dolorosa para a sua imagem e também aos seus executivos.

Mesmo que haja ainda um resultado inesperado, sabemos que independentemente do candidato eleito, as demandas sobre os três grandes temas centrais não pararão e é cada vez menor a tolerância da sociedade com as violações de Direitos Humanos, Diversidade e Inclusão Social e Corrupção.

Portanto, há uma esperança que o reflexo das manifestações e o resultado da campanha eleitoral de 2018, provoque mudanças na forma de se governar e de gerir os recursos públicos, e que os novos políticos implementem ações, em suas esferas,  para que todas as iniciativas das organizações privadas no combate a corrupção encontrem um eco e congruência na relação com o governo, elevando a confiança nas relações comerciais e projetos sociais a outros patamares.

 

Autora:  Rosemary França Vianna. MBA em Gestão de Negócios pelo BI-FGV, Especialização em Competências de Professor pelo BI-FGV, Especialização em Sustentabilidade pela Fundação Dom Cabral, MBA em Master Coach pela Sociedade Brasileira de Coaching & FAPPESP, Curso de Governança Corporativa pelo IBGC, Curso de Compliance Anticorrupção pela LEC – Legal Ethics Compliance, Curso de Investigação Interna de Compliance pela LEC – Legal Ethics Compliance. Graduada em Administração de Empresas com especialização em Comércio Exterior. Atuou como Diretora Estatutária durante 15 anos dirigindo Unidades de Negócio da Multinacional Suíça SGS Líder em Testes e Certificações, Certificação de Sistemas de Gestão em Responsabilidade Social e Integridade, Meio Ambiente, Saúde e Segurança, Energia, Desempenho, Qualidade, Regulatórios de Produtos de Consumo, em programas voluntários, compulsórios e setoriais, sendo responsável pela Estratégia & PNL, gestão financeira e operacional, acreditações, bem como pela integridade dos negócios em suas Divisões. Foi membro do Comitê de Assessoramento técnico para acreditação e certificação da CGCRE – Inmetro – 2008 a 2013, membro e Presidente Interino da ABRAC – Associação dos Organismos de Avaliação de Conformidade – 2012 a 2013, Membro da Sociedade Brasileira de Coaching, membro do Conselho Deliberativo da Fundação Abióptica. Convidada como palestrante em painéis setoriais de Certificação de Biocombustíveis e Ethanol Summit 2009, e participou na elaboração de Programas de Regulação setorial, com foco em riscos mercadológicos, operacionais, regulatórios e proteção de marca. Atua no mercado em consultoria para Compliance regulatório, treinamentos, due diligence e coach para negócios.

  • Membro do Editorial Drafting Group do Comitê ISO PC 278: Anti-bribery management system
  • Membro da comissão especial de estudo da ABNT ISO 37001 Sistema de Gestão Antissuborno
  • Membro da comissão de estudo de Gestão de Riscos (ABNT/CEE-063), para trabalhos referentes a ISO/DIS 31000
  • Membro do Conselho Deliberativo da Fundação Abióptica
  • Membro do MDB – Mulheres do Brasil
  • Participação na ACI´s 6th Brazil Summit on Anti-Corruption
  • Participação no 1º. Encontro Internacional de Compliance e Investigação Interna WF Faria