Programa de compliance e a continuidade dos negócios

A continuidade dos negócios e os resultados financeiros tão sonhados pelos Dirigentes, Donos e Acionistas, são obtidos através da ação de cada pessoa dentro de uma organização. Essas ações são dirigidas pelas Políticas da Organização, experiência e competência das pessoas,  que refletem a cultura e seus valores.

Esses valores são construídos não com base naquilo que está escrito, mas sim naquilo que é vivido, no dia a dia, e o caminho que se percorre, que formam um conjunto de experiências que validam ou não aqueles valores que estão descritos em Políticas e no Marketing da Organização.

A cultura e os valores da organização são percebidos e materializados pela soma das experiências de cada um. O papel da Liderança na construção e fortalecimento das bases culturais de uma organização é crucial.

Compliance não é uma disciplina separada e olhada simplesmente como mais um processo a ser gerido pela Organização, mas um gênero,  como cada ação é realizada da  Alta Direção até o menor nível hierárquico dentro da Organização. Se todas as ações para obtenção dos resultados são realizadas de maneira consciente em relação ao cumprimento das Políticas da Organização, de maneira natural, sem pensar, e se essas políticas estão alinhadas com o Contexto Legal e Regulatório no qual a empresa atua, então essa Organização tem em sua cultura valores que propiciam a Organização ter um Programa de Compliance eficaz.

Compliance tem a ver com gente. E um Programa de Compliance é desenvolvido para quem quer fazer o certo.

Ele determina para as pessoas naquela organização o que é o certo.  Independentemente da Ética Individual de cada pessoa, o Programa de Compliance determina, esclarece e monitora as CONDUTAS desejadas para atuar naquele ambiente corporativo. Nenhum programa nasce ou vai ser perfeito, mas ele desenvolve a capacidade de ir se ajustando, sempre num processo de melhoria contínua, sustentando pela Cultura Organizacional.

Desenvolver um Programa de Compliance permite a Organização iniciar um ciclo para uma nova cultura, e isso entra num processo de retroalimentação, o Programa dando parâmetros para essa nova cultura, e a cultura sustentando o Programa.

Além do Tom da Alta Direção (seu discurso, suas práticas, seu comprometimento na geração de recursos e determinação das Políticas e Autoridade), não é possível iniciar ou fortalecer um Programa de Compliance sem Conscientização e Educação, esse processo é contínuo, pois o programa é vivo, e as experiências boas e ruins, vividas em cada decisão ou na realização de um processo, servem de conteúdo para a contínua reciclagem e melhoria dentro da organização.

Pensando na função social de uma Organização, pensando que ela nasce para durar para sempre e nas expectativas de todas as partes interessadas na existência dessa Organização, o Programa de Compliance deve ter como objetivo a Continuidade dos Negócios.

E pensando em Continuidade de Negócios há inúmeras variáveis que poderiam afetá-la, porém foquemos aqui algumas que dependeriam de um programa eficaz, para proteger a organização e sua imagem pública, evitando os seguintes riscos e impactos:

 

  • Envolvimento com escândalos relacionados com corrupção, fraude, cartel, lavagem de Dinheiro e organizações criminosas.
  • Envolvimento com escândalos relacionados a Licenças para poder realizar suas operações.
  • Envolvimento com Assédio e Danos Morais;
  • Altíssimas penalidades financeiras para a Organização e seus Executivos, e prisão dos executivos e descontinuidade das suas carreiras.
  • Perda do seu potencial de atrair os melhores talentos do mercado;
  • Perda da confiança ou ainda o repúdio do seu mercado consumidor.

 

Aliado aos riscos acima relacionados, advindos do recente Marco Legal anticorrupção Local e Global, está o fato do ambiente digital que se instalou nas últimas décadas. A Mídia é um grande MEGAFONE para transmitir a centenas de milhares de pessoas, em minutos um fato relacionado a conduta de uma organização, transformando em crise, aquilo que vinha sendo tratado como problema ou vantagem competitiva no âmbito interno de uma organização.

A imagem das empresas é cada vez mais associada aos seus atos – a marca tem personalidade!

Philip Kotler, 4.0 trata da intensidade e na força que uma mensagem chega ao público e como as empresas são percebidas, para o bem ou para o mal.

  • Sentimentos Humanos –    Transformações Digitais   –     Interatividade na Web

 

As organizações não operam isoladamente, elas precisam estar alinhadas ao contexto local e global, e, acima de tudo, devem demonstrar consonância e congruência do seu significado incorporado a missão, visão e valores. Precisam demonstrar com clareza a identidade da sua marca e sua contribuição para a sociedade.

Além da mitigação dos impactos de riscos, a proteção do seu patrimônio e capitais: financeiro, marca, produto, know how e social (todas as partes interessadas, principalmente com os seus prestadores de serviço)

Implantação de sistemas de gestão e de programas de conscientização, treinamento e monitoramento, além do ambiente interno,  serão cruciais para a mudança de cultura nas organizações, resolvendo aqueles pequenos delitos e evitando riscos, resultando no compliance e na integridade.

 

Rosemary Vianna 

GRISCOM

Definição de gênero : Divisão dos discursos conforme os fins a que se propõem e os meios que o empregam para tal. – Ref. Dicionário Informal.