UBUNTU E COLABORAÇÃO

Recentemente, a classe de minha filha fez uma experiência entre os alunos: de um lado, uma caixa com um tesouro, do outro, crianças estimuladas a participar de uma competição simples e pueril – quem chegasse primeiro seria o vencedor e ficaria com toda a caixa.

Houve dois vencedores, que iniciaram rapidamente uma discussão sobre quem ficaria com o tesouro. Dinâmicas competitivas como essas fazem parte de nosso dia a dia, não é verdade? Na sequência, as professoras estimularam o pensar e introduziram o conceito do Ubuntu, onde o respeito básico pelo outro, a empatia, o se colocar no lugar do outro, o “ser com os outros” são estimulados. Nessa nova abordagem, as crianças aprenderam que se dividissem o prêmio entre si, todas ganhariam uma porcentagem igual e todos ficaram felizes, respeitando o colega e seus sentimentos.

Trago essa reflexão para o mundo dos negócios, onde o Ubuntu, de maneira geral, não é vivenciado, onde a competição acirrada traz à tona ações muitas vezes desconexas com os valores que as próprias empresas dizem defender.

Cada empresa sozinha, sem pensar no mercado e em seus agentes – que, a depender da situação, são tanto seus competidores, quanto parceiros, quanto consumidores – realiza seu ritual para vencer e ser a primeira a chegar à caixa do tesouro.

 

Em um mundo cada vez mais colaborativo, conceitos como o Ubuntu se tornam necessários.

 

Refletir sobre nossos atos e suas consequências e avaliar as melhores estratégias para atingir os resultados que desejamos são extremamente necessários, vitais mesmo, para a continuidade dos negócios e não é algo banal. No entanto, no ambiente de negócios dinâmico e competitivo como o que estamos inseridos, considerar uma outra empresa, antes vista como concorrente, como potencial parceira amplia o potencial competitivo e é um passo para criarmos um mercado colaborativo de fato.

Avaliar nossos passos no sentido da colaboração, e planejar os próximos anos para que eles sejam diferentes dos que já passamos, faz toda a diferença.

Ao olharmos para os próximos três anos, e olhando com as lentes da colaboração, onde podemos investir e gerar maior eficiência para nosso negócio? O que podemos desconsiderar e deixar para trás pois são amarras do passado e já não trazem ganhos para a organização? O que podemos fazer diferente?

Se fizermos essa reflexão de modo pragmático, e com base nos valores das nossas organizações, tenho convicção que teremos uma economia muito mais forte em suas bases empreendedoras em um prazo curto de tempo

 

Autora: Rosa Tiritilli